quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Uma conversa.

Às vezes é tão difícil encontrar com quem conversar, conversas a sério, não sobre o tempo, a moda, a actualidade e a vida dos outros. O nosso dia-a-dia fica preenchido de pequenos nadas que nada significam, pois nada do que dizemos ou nos respondem acrescenta seja o que fôr à nossa existência. São conversas ocas, umas a seguir às outras, em que nos defendemos afincadamente com muros de futilidades, "longe de mim mostrar quem sou", o que diriam...
É este mundo, em que até assuntos tão corriqueiros como a política são abordados com pezinhos de lã, que me rodeia, e assim só me consigo sentir cada vez mais só, rodeada de uma e outra multidão. Porque fazemos isto a nós próprios? Porque não nos achamos realmente dignos de interesse? Porque é tão difícil furar a crosta de que nos cobrimos, tentar achar o verdadeiro "eu" do outro? Porque insistimos em não nos mostrar como verdadeiramente somos? Não somos todos iguais? Não procuramos todos o mesmo? A comunicação já é suficientemente complicada sem todas estas artimanhas. No meio de todas estas ilhas em que insistimos nos tornar, as novas tecnologias permitem uma nova abordagem a tudo isto... Permitem sim, fingir quem não somos, escudarmo-nos através de ferramentas que nos distanciam, mas permitem muito mais do que isso...

A mim, permite-me dizer o que me vai na alma, desabafar com o vazio. Dizer o que quero e o que sinto sem ser incómodo para ninguém... porque só lê quem quer, só acompanha quem tem vontade, só comenta quem quer participar nesta conversa, que não se pretende um discurso, mas sim um diálogo. Por isso, obrigada. Porque quem lê e volta, concerteza se revê, num ou noutro aspecto. E assim vamo-nos fazendo companhia...

1 comentário:

  1. Migalha, a Internet permite mesmo isso, abandonarmos todos os tabus que a sociedade nos impõem desde que nascemos, libertar as nossas ansiedades, sem ter de nos preocupar o que vão ou não pensar de nós, se nos vão criticar ou julgar por algo que dizemos. Antigamente escrevíamos um diário, hoje criamos um blog e contamos, de uma forma descomplexada e aberta, tudo o que nos vai na alma e cá vão estar os leitores anónimos ou não para ler esses pensamentos.

    A Internet não dispensa os amigos reais, como dizes no teu post “O olhar”, esse contacto humano terá sempre de existir para nos sentirmos bem. O Homem é um ser social acima de tudo, um ser que precisa de um olhar de carinho, compreensão, alegria,… todos os sentimentos primeiro saem pelo olhar depois é que se espalha para o resto do corpo.
    Por muito que queiramos ser tecnologicamente evoluídos, só estamos a regredir, perdemos o sentido verdadeiro das relações humanas e das nossas necessidades básicas.
    Quando estamos desorientados o melhor é procurar o que se perdeu e voltar ao caminho que para nós é o correcto, não para o que nos querem empurrar.
    Deixo aqui um poema de José Régio que sempre que eu preciso vou reorientar o meu caminho.
    http://www.youtube.com/watch?v=qKyWRJZnu2o

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