sexta-feira, 22 de julho de 2011

O nosso caminho, não é só nosso!

Quantas vezes não tomamos opções só porque nos apetece? Ou só porque achamos que não faz mal? Afinal, a vida é minha, faço o que quero, certo? - errado. A vida é nossa sim, mas não é só nossa. Toda a gente, se pensar um bocadinho, sabe disso. Tu o que fazemos, ou optamos por não fazer, influencia activamente a vida de quem nos rodeia, independentemente da vida que levamos, das pessoas com quem nos damos, com quem nos cruzamos no dia-a-dia. Por mais eremitas que tentemos ser (e hoje em dia ninguém é verdadeiramente, pois o mundo não é suficientemente grande para isso), nunca, em ocasião alguma podemos ter a ousadia, o desplante, a irresponsabilidade de reclamar a nossa vida como apenas nossa. Tal afrontamento não passa de uma ilusão.

Sabemos disso todos nós, sabe muitíssimo bem quem tem filhos.
Podem ser mínimos, ou crescidos e já terem saído de casa. Podem ser chegados ou desligados, carinhosos e meiguinhos ou em plena crise de independência e adolescência. Os filhos são filhos, são parte de nós. Quando escolhemos, seja o que fôr, é uma escolha que irá, inevitavelmente afectá-los. Mesmo que não saibam ler o que escrevemos, mesmo que não percebam o que dizemos, mesmo que não estejam presentes quando discutimos. A nossa prole é parte de nós, tudo o um dia nós fomos como crianças terá influência na infância dos filhos que iremos ter. Toda a nossa rebeldia na adolescência tomará um lugar na sua formação como pessoa. Toda a nossa consciência ou falta dela é reflectida no ser humano que sai de dentro de nós.

Eles são únicos sim, mas são parte de nós também, parte de mim e de ti. Loucos são aqueles que pensam, julgam, imaginam, que qualquer acto não terá influência neles, que isto ou aquilo poderá ser-lhes omitido. Aquilo que nos une é demasiado, os laços de sangue, de convivência, de responsabilidade foram feitos e não podem ser desfeitos. Não só porque queremos, porque só agora, durante este bocadinho, dava jeito.

Como se arca, se vive com esta responsabilidade? Se conseguires conviver contigo, consegues conviver com a influência que possas ter neles, quer queiras, quer não. Se conseguirmos viver bem connosco, com aquilo que somos, então estaremos sempre de bem com aquilo em que se irão transformar. São, verdadeiramente, o nosso legado.

O Pensamento

“Se estás à espera que responda sem pensar, o melhor é perguntares a outra pessoa.”
Foi nesta resposta, dada tão prontamente que nem de mim parecia sair, que me pus a pensar. Sempre fui considerada cabeça no ar, distraída, com falta de memória. Nunca debito a informação tal qual me é passada, por mais linear que seja. Isto tem uma razão de ser: eu penso! Não só às vezes, mas continuamente, como qualquer ser humano. Esta afirmação pode parecer um pouco inusitada, mas tem razão de ser.
A verdade é esta, estou continuamente a pensar, e cada pessoa foca automaticamente e inconscientemente os seus pensamentos nos seus focos de interesse, ou, por outro lado, nos seus medos.
Isto é algo que não é passível de ser controlado, pelo menos não com facilidade, pois ao pensarmos que não queremos pensar nisto, estamos automaticamente a fazer o inverso e o pensamento inicial, ao invés de se afastar, intensifica-se.
Pois bem, a consciência que consigo ter é de que analiso a informação à medida que me é transmitida, mas nem sempre consigo esperar que seja transmitida na totalidade antes de começar a processá-la. Ou seja, no início da ideia que me querem transmitir, automaticamente os meus pensamentos são despoletados analisando, interpretando e mesmo extrapolando o que me está a ser dito, antes que a ideia inicial esteja completamente transmitida.
Isto causa, por vezes, algum ruído na comunicação, principalmente se o que me está a ser transmitido fôr realmente interessante. O que significa que, mais facilmente me distraio com algo que me causa interesse do que com algo que me pareça aborrecido.
É estranho, não é? E até pode parecer um grande disparate. A verdade é que sempre me pareceu impossível de defender tal tese, até ter sido defendida por quem percebe, realmente, do assunto. Falo de Augusto Cury, renomado psiquiatra brasileiro, autor de uma série de obras que retiveram a minha total e incondicional atenção.
Então, A.Cury defende:
“Somos todos viajantes no mundo das ideias: viajamos para o futuro, imaginando situações ainda inexistentes; viajamos também para os problemas existenciais. (…) Uns constroem projectos e outros, castelos inatingíveis. Uns viajam pouco nos seus pensamentos, outros viajam muito, concentram-se pouco nas suas tarefas. Estas pessoas pensam que têm pouca memória, mas, na verdade, possuem apenas pouca capacidade de concentração devido à hiperprodução de pensamentos.”
Pois é, tenho aqui justificação científica para escrever, escrever, escrever tudo o que me ocupa a alma, o pensamento, a razão.

terça-feira, 19 de julho de 2011

O que nos põe doentes também nos faz mais fortes?

Perante as adversidades da vida, temos variadíssimas formas de reagir, podemos lutar, desistir, engolir, ignorar, esquecer, conformarmo-nos ou mesmo até remoer.
Mas mais do que a reacção imediata àquilo que nos confronta, o importante, aquilo que realmente nos define, é a forma como conseguimos viver ou conviver com estes acontecimentos depois do primeiro impacto.
Podemos estar a falar de pequenas coisas, que até parecem sem importância para uns, e ser alvo de grande distúrbio para outros, mas podemos também abranger os grandes acontecimentos que determinam toda uma vida.
O que nos define como pessoas não é o termos perdido o emprego por uma casualidade do destino, termos ou não encontrado quem nos satisfaça ao ponto de querermos partilhar o resto da vida…
Mas sim o que fizemos depois de perder o emprego, se encarámos este facto como uma fatalidade da vida ou como uma oportunidade, se deixámos que nos tirasse o ânimo ou, por outro lado, espicaçou-nos ao ponto de arriscarmos uma vida totalmente diferente.
Porque o típico português tem muita tendência para a fatalidade e para o fado, encara com tristeza cada fase da vida, resiste à mudança até ser absolutamente inevitável. Mas este também é o português do desenrascanço, mostrando uma excelente capacidade criativa e de engenho quando assim o pretende. Nitidamente é uma questão de motivação. O que não nos mata torna-nos mais forte, infelizmente só quando quase nos mata é que finalmente resolvemos dar a volta ao bicho e pôr mãos à obra, mudar a rota do nosso destino.
Aqui está, enquanto resistimos, conformamo-nos e tentamos ignorar, vamos ficando doentes, porque o nosso organismo recusa uma acção passiva sobre aquilo que o ataca. Mas perante muitas insistências e ataques, pomos em risco a nossa própria existência. Nessa altura, podemos ter aguentado os ataques de tal forma, que deixemos de ter capacidade de reagir quando nada mais nos resta.
Agora pergunto: será que o que nos põe doentes também nos faz mais fortes? Indubitavelmente sim, basta querermos.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Olhar

Quando era mínima (5/6 anos) tinha uma adoração por olhos azuis, por serem tão raros. À medida que fui crescendo as preferências foram mudando, passando pelos tradicionais olhos verdes em pele morena, aos castanhos escuros, quase pretos e muito misteriosos.
Os anos vão passando, as preferências vão mudando, o gosto não passa. Depois comecei a reparar que há olhos muito mais expressivos do que outros, que a diferença que os podia tornar realmente diferentes seria nas emoções que eram capazes de transmitir. 
Também a forma como uns olhos brilham quando nos fixam fazem toda a diferença, muito mais do qualquer côr ou formato.
Ultimamente, por ter um trabalho comercial, resolvi fazer uma experiência que tenho repetido com alguma frequência: tentar olhar directamente na alma da pessoa que fica do outro lado da mesa. São pessoas que acabo de conhecer, sobre as quais pouco ou nada sei a nível pessoal, portanto sem quaisquer julgamentos prévios. A meio de uma conversa, da apresentação de um produto, seja o que fôr, espero por uma oportunidade por encarar a outra pessoa no seu estado mais cru, um olhar profundo para dentro do espelho, um mergulho na alma. É claro que tal é extremamente difícil, primeiro porque não são muitas as pessoas que se dignam a olhar-nos nos olhos enquanto falam connosco, depois, porque as que o fazem não fixam o olhar durante mais do que fracções de segundo de cada vez. Poucas são as pessoas capazes de suster o olhar durante largos segundos, dos raros que o fazem, apenas conseguimos ver uma película baça que distorce e torna inacessível, o que quer que se encontre dentro daquela alma (se é que existe...).
Mas há excepções há sempre excepções.
São as excepções que nos fazem crer em algo melhor. 
Alguém que seja verdadeiramente excepcional, não só no meu entender pessoal, ou de um pequeno grupo de pessoas, alguém que tenha tido a capacidade de mudar o curso da Humanidade, como será o seu olhar? Tresloucado e inacessível como o de Einstein, ou cheio de candura e sabedoria como é retratado Jesus Cristo? Será que Jesus teria mesmo um olhar caracterizado pela inocência? Hoje dei por mim a perguntar, como seria o olhar de Jesus, o que nos faria sentir, seria visível aí aquilo que O diferencia de todos nós, seria absolutamente brilhante e inacessível? Permitir-nos-ia que mergulhássemos na sua alma? Na alma que é Deus? (e não somos todos um pouco?!)
Cheguei a uma conclusão, no Seu olhar não poderia prevalecer a inocência e a candura que nos faz querer proteger alguém, e também não poderia ser inatingível, pois Ele veio para nos tocar a todos no mais profundo do ser.
Gostaria de ter a experiência de conhecer o olhar de Jesus. Até lá olharei para o teu, na tentativa de te descobrir e o melhor que há em ti.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Depois da tempestade, vem a bonança

A menina que estava perdida na floresta adormeceu a chorar. Aquele sítio que lhe tinha parecido tão escuro e desconhecido ontem, hoje já não parecia assustar, o sono foi reparador. Assim que acordou e reparou onde estava, não se preocupou com o vestido sujo e amarrotado, nem se lembrou de se pentear. Mais do que isso, apesar de não se lembrar como lá tinha ido parar, também não perdeu muito tempo a pensar nisso. Tinha uma vaga ideia de algo, com a lembrança enevoada de um pesadelo, de que teria corrido, fugido desesperadamente, mas já nem se lembrava bem do quê, nem porquê... Tinha ficado com aquela sensação incómoda e indefinida que os sonhos nos deixam, quando são muito intensos e acabamos de acordar. Foi com essa sensação que ficou, mas rapidamente se desvaneceu ao explorar o mundo onde se encontrava. De repente, nem se questionou onde estava nem o que estava ali a fazer, todo o passado passou a não mais do que isso, um passado. Podia ser seu ou de qualquer outra pessoa, pouco importava. Agora estava aqui, nada mais importava. Foi explorando, com aquela curiosidade contida e divertida que a caracterizava. Foi-se deixando encantar, como se estivesse a viver tudo pela primeira vez.

Na verdade estava, pois nunca tinha estado naquela situação, mas ao invés de chorar e gritar pelo mundo desconhecido que a rodeava, limitou-se a gozar a paisagem. Foi seguindo... nem sempre em frente, mas nunca voltou para trás. Finalmente, a vida tornava-se uma aventura, como nos filmes, como nos desenhos animados, como nos seus sonhos.

Que seja assim com todos nós. Que tenhamos a capacidade de ver para além do óbvio, em cada momento, em cada encruzilhada, a cada dificuldade que nos atravesse o caminho. Porque o amanhã é um outro dia, mas hoje é o amanhã de ontem. Façamos por isso. Comecemos de novo. Nada do que foi importa, nada do que será traz consequências.
Agora é o momento, pois nunca é tarde demais.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Desânimo...

Isto de tirar a alegria de viver a quem sempre se considerou optimista tem que se lhe diga. Não considero o mundo melhor ou pior do que há uns tempos atrás, apenas tenho menos vontade de vivê-lo... Não considero ter sido mais ou menos vítima de injustiça do que o próximo, nem mais nem menos cruel do que o ser humano comum, não me passa pela cabeça que haja alguma cabala o sentido de me de derrotar, nem sequer alvo de tanta atenção que pudesse, num extremo, dar nisso. Simplesmente a minha cabeça começou a funcionar de maneira diferente. Vê aquilo que via, processa a informação que já processava, mas o resultado e a assimilação é diferente. Os pressupostos mudaram, é certo, consequentemente, tudo mudou.

Gostava de voltar a sentir aquela alegria que me contagiava, a sensação de ter uma referência permanente, a arrogância tão característica da juventude, tão absolutamente essencial para lutar pelo nosso bem estar, pelo melhorar do mundo.

Tanta conversa e não me sinto ninguém, escrevo para mim e publico nem sei porquê, porque em tempos meti na cabeça que assim o faria, então assim o faço. Chega uma altura em que me sinto tão perdida que não só não sei onde anda o norte, como desconfio da sua existência, do propósito da procura, da razão da caminhada.

Tem dias que o sol brilha, tem outros que nem por isso. As saudades que tenho de me sentir a brilhar com o sol  nos dias de verão (...), pois agora faz calor lá fora, mas o inverno aqui persiste.

"Sê fiel a ti própria" ouço-me dizer, mas se já nem sei quem sou...

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Perdido o norte!

A outrora semente decidida, brotou naquilo que hoje vemos, mas nada é por acaso, tudo tem sempre uma razão, e tem o triste hábito de fazer parte de algo maior. Algo tão grande que apenas se consegue ver à distância, quanto maior a distância, mais nítida a imagem final.
Acabamos por acreditar - temos de acreditar - nesse ultimo desígnio, aquele que dificilmente se alcança nesta vida, mas nos acompanha por tantas outras... Sinceramente, que jeito dava ter uma pequena ideia daquilo que é esperado de nós, afinal, que fazemos nós aqui?!... Era muito mais simples saber, assim, quando nos sentíssemos mais próximos de Deus, num momento de clarividência, podíamos saltar e mergulhar, assim decidir: é agora que vou sofrer, sofrer para aprender, mas sei qual o propósito, por isso faço-o de bom grado, com uma ligeira noção daquilo que é pretendido.
 
Mas verdade seja dita, se tivéssemos essa noção, não significaria que o jogo estaria viciado à partida? Não seria fazer batota?!
Podemos até escolher quando, podemos até escolher o quê, mas após as escolhas feitas, tudo o que resta dessa consciência é apagado, diluído, esborratado, até ficar completamente indecifrável. Quando nos esquecermos de tudo o que sabemos, quando já não restarem quaisquer indícios do desígnio inicial, só então estaremos prontos para realmente aprender, experênciar, viver.

Como tão bem disse Sócrates: "Eu só sei que nada sei."

E esse é o ponto de partida.

Bussola, procura-se!

Nem sempre sei o que quero, nem sempre sei o que procuro, o nevoeiro instalou-se, os instintos desvaneceram-se e fico aqui, angustiada, desorientada, perdida.

Perdida pois perdi o meu norte, e quem diz ser fácil de o encontrar é por nunca tê-lo perdido verdadeiramente.