segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Olhar

Quando era mínima (5/6 anos) tinha uma adoração por olhos azuis, por serem tão raros. À medida que fui crescendo as preferências foram mudando, passando pelos tradicionais olhos verdes em pele morena, aos castanhos escuros, quase pretos e muito misteriosos.
Os anos vão passando, as preferências vão mudando, o gosto não passa. Depois comecei a reparar que há olhos muito mais expressivos do que outros, que a diferença que os podia tornar realmente diferentes seria nas emoções que eram capazes de transmitir. 
Também a forma como uns olhos brilham quando nos fixam fazem toda a diferença, muito mais do qualquer côr ou formato.
Ultimamente, por ter um trabalho comercial, resolvi fazer uma experiência que tenho repetido com alguma frequência: tentar olhar directamente na alma da pessoa que fica do outro lado da mesa. São pessoas que acabo de conhecer, sobre as quais pouco ou nada sei a nível pessoal, portanto sem quaisquer julgamentos prévios. A meio de uma conversa, da apresentação de um produto, seja o que fôr, espero por uma oportunidade por encarar a outra pessoa no seu estado mais cru, um olhar profundo para dentro do espelho, um mergulho na alma. É claro que tal é extremamente difícil, primeiro porque não são muitas as pessoas que se dignam a olhar-nos nos olhos enquanto falam connosco, depois, porque as que o fazem não fixam o olhar durante mais do que fracções de segundo de cada vez. Poucas são as pessoas capazes de suster o olhar durante largos segundos, dos raros que o fazem, apenas conseguimos ver uma película baça que distorce e torna inacessível, o que quer que se encontre dentro daquela alma (se é que existe...).
Mas há excepções há sempre excepções.
São as excepções que nos fazem crer em algo melhor. 
Alguém que seja verdadeiramente excepcional, não só no meu entender pessoal, ou de um pequeno grupo de pessoas, alguém que tenha tido a capacidade de mudar o curso da Humanidade, como será o seu olhar? Tresloucado e inacessível como o de Einstein, ou cheio de candura e sabedoria como é retratado Jesus Cristo? Será que Jesus teria mesmo um olhar caracterizado pela inocência? Hoje dei por mim a perguntar, como seria o olhar de Jesus, o que nos faria sentir, seria visível aí aquilo que O diferencia de todos nós, seria absolutamente brilhante e inacessível? Permitir-nos-ia que mergulhássemos na sua alma? Na alma que é Deus? (e não somos todos um pouco?!)
Cheguei a uma conclusão, no Seu olhar não poderia prevalecer a inocência e a candura que nos faz querer proteger alguém, e também não poderia ser inatingível, pois Ele veio para nos tocar a todos no mais profundo do ser.
Gostaria de ter a experiência de conhecer o olhar de Jesus. Até lá olharei para o teu, na tentativa de te descobrir e o melhor que há em ti.

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