quarta-feira, 6 de julho de 2011

Depois da tempestade, vem a bonança

A menina que estava perdida na floresta adormeceu a chorar. Aquele sítio que lhe tinha parecido tão escuro e desconhecido ontem, hoje já não parecia assustar, o sono foi reparador. Assim que acordou e reparou onde estava, não se preocupou com o vestido sujo e amarrotado, nem se lembrou de se pentear. Mais do que isso, apesar de não se lembrar como lá tinha ido parar, também não perdeu muito tempo a pensar nisso. Tinha uma vaga ideia de algo, com a lembrança enevoada de um pesadelo, de que teria corrido, fugido desesperadamente, mas já nem se lembrava bem do quê, nem porquê... Tinha ficado com aquela sensação incómoda e indefinida que os sonhos nos deixam, quando são muito intensos e acabamos de acordar. Foi com essa sensação que ficou, mas rapidamente se desvaneceu ao explorar o mundo onde se encontrava. De repente, nem se questionou onde estava nem o que estava ali a fazer, todo o passado passou a não mais do que isso, um passado. Podia ser seu ou de qualquer outra pessoa, pouco importava. Agora estava aqui, nada mais importava. Foi explorando, com aquela curiosidade contida e divertida que a caracterizava. Foi-se deixando encantar, como se estivesse a viver tudo pela primeira vez.

Na verdade estava, pois nunca tinha estado naquela situação, mas ao invés de chorar e gritar pelo mundo desconhecido que a rodeava, limitou-se a gozar a paisagem. Foi seguindo... nem sempre em frente, mas nunca voltou para trás. Finalmente, a vida tornava-se uma aventura, como nos filmes, como nos desenhos animados, como nos seus sonhos.

Que seja assim com todos nós. Que tenhamos a capacidade de ver para além do óbvio, em cada momento, em cada encruzilhada, a cada dificuldade que nos atravesse o caminho. Porque o amanhã é um outro dia, mas hoje é o amanhã de ontem. Façamos por isso. Comecemos de novo. Nada do que foi importa, nada do que será traz consequências.
Agora é o momento, pois nunca é tarde demais.

1 comentário: