sexta-feira, 22 de julho de 2011

O Pensamento

“Se estás à espera que responda sem pensar, o melhor é perguntares a outra pessoa.”
Foi nesta resposta, dada tão prontamente que nem de mim parecia sair, que me pus a pensar. Sempre fui considerada cabeça no ar, distraída, com falta de memória. Nunca debito a informação tal qual me é passada, por mais linear que seja. Isto tem uma razão de ser: eu penso! Não só às vezes, mas continuamente, como qualquer ser humano. Esta afirmação pode parecer um pouco inusitada, mas tem razão de ser.
A verdade é esta, estou continuamente a pensar, e cada pessoa foca automaticamente e inconscientemente os seus pensamentos nos seus focos de interesse, ou, por outro lado, nos seus medos.
Isto é algo que não é passível de ser controlado, pelo menos não com facilidade, pois ao pensarmos que não queremos pensar nisto, estamos automaticamente a fazer o inverso e o pensamento inicial, ao invés de se afastar, intensifica-se.
Pois bem, a consciência que consigo ter é de que analiso a informação à medida que me é transmitida, mas nem sempre consigo esperar que seja transmitida na totalidade antes de começar a processá-la. Ou seja, no início da ideia que me querem transmitir, automaticamente os meus pensamentos são despoletados analisando, interpretando e mesmo extrapolando o que me está a ser dito, antes que a ideia inicial esteja completamente transmitida.
Isto causa, por vezes, algum ruído na comunicação, principalmente se o que me está a ser transmitido fôr realmente interessante. O que significa que, mais facilmente me distraio com algo que me causa interesse do que com algo que me pareça aborrecido.
É estranho, não é? E até pode parecer um grande disparate. A verdade é que sempre me pareceu impossível de defender tal tese, até ter sido defendida por quem percebe, realmente, do assunto. Falo de Augusto Cury, renomado psiquiatra brasileiro, autor de uma série de obras que retiveram a minha total e incondicional atenção.
Então, A.Cury defende:
“Somos todos viajantes no mundo das ideias: viajamos para o futuro, imaginando situações ainda inexistentes; viajamos também para os problemas existenciais. (…) Uns constroem projectos e outros, castelos inatingíveis. Uns viajam pouco nos seus pensamentos, outros viajam muito, concentram-se pouco nas suas tarefas. Estas pessoas pensam que têm pouca memória, mas, na verdade, possuem apenas pouca capacidade de concentração devido à hiperprodução de pensamentos.”
Pois é, tenho aqui justificação científica para escrever, escrever, escrever tudo o que me ocupa a alma, o pensamento, a razão.

2 comentários:

  1. "O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. "
    Fernando Pessoa

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