quarta-feira, 4 de maio de 2011

Vale a pena correr o risco

Dá-se muita atenção aos sintomas, àquilo que somos obrigados a ver, mas com um pouco de maquilhagem, a dose certa de base e pó de arroz e disfarçam-se as borbulhas...
Agora questiono, e isso resolverá a causa dos sintomas? Será garante suficiente de que tal não voltará a acontecer? Dificilmente as borbulhas irão desaparecer com a maquilhagem, pode-se até não reparar nelas por momentos, mas provavelmente piorarão enquanto não se tratar convenientemente da infecção.
Da mesma forma, embora muito popular, é garantido que não há operação plástica que cure um verdadeiro caso de falta de auto-estima, o desconforto sentido por vivermos na pele que escolhemos (ou não).
E sendo a depressão a doença mais disseminada e divulgada da actualidade, pouca atenção se dispensa com as causas, embora cause muita preocupação os casos chamados depressivos, por ser bestialmente desconfortável conviver com elas.
No entanto, em nenhum destes casos, assim como em muitos outros, se fala e discute com a mesma intensidade, vontade e sabedoria sobre a causa de todos estes sintomas. Isso seria ir ao fundo dos problemas. Nós, o Ocidente, temos por costume esconder aquilo que incomoda, disfarçar o que traz desconforto, camuflar o embaraçoso. Não somos conhecidos por ir à raiz das questões. Será esse o nosso problema. Será isto que temos de mudar? A nossa inevitável necessidade para o imediatismo, tudo o que seja de consumo imediato, agradável à vista, sem complicações. Ora, com tanta vontade de ter um mundo perfeito sem ter de pensar muito no assunto, deu nisto.
Qual será a real causa de tantas depressões? Será mesmo a crise, aquela provocada pela falta de valores éticos e constante aposta em sistemas comprovadamente errados, por serem a solução mais fácil?
Ou será, isso sim, a falta de importância que damos ao Ser humano como um todo? Porque o ser humano, como todos sabemos, é uma história por si só, cada um de nós. Temos inúmeras características que nos distingue dos nossos pares, características ambientais, emocionais, genéticas, psicológicas, físicas e espirituais. Mas era muito mais fácil se nos enquadrássemos dentro de certos grupos. E assim criamos rótulos, tratamos toda a gente que se inclui naquele rótulo da mesma forma, esperando que a cura de um seja a cura de todos, as mesmas doses para os mesmos problemas. Mas são pessoas diferentes, esquecem-se disso.
Quantos casos, por desconhecimento ou indiferença, são mal diagnosticados, mal encaminhados, mal tratados?
Onde está a centelha divina do Ser humano, aquela que nos torna seres únicos, impossíveis de copiar?
Vamos dar atenção a cada um de nós, aprender a conhecer-nos e aceitarmos aquilo que realmente somos e não aquilo que os outros querem que sejamos.
Façamos um esforço, por nós, pelo outro, de aceitar a sua individualidade, respeitá-la e inaltecê-la.
Vamos correr um risco: o de sermos nós próprios.

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