sexta-feira, 13 de maio de 2011

Um lugar diferente

Hoje em dia, para nos enquadrarmos nalgum lugar, nalgum ambiente, nalgum grupo, teremos de assumir um papel, papel esse que já existe antes de nós entrarmos em cena.
Ou seja, para um perfeito enquadramento ninguém espera que sejamos nós próprios. Aliás, ninguém quer que nós sejamos fiéis a quem somos, apenas fiéis a um papel, a um guião que já foi criado. Alguém desenhado para cumprir certos propósitos, e ninguém quer saber se esses propósitos são os nossos também.
Ao assumirmos um papel que não foi feito à nossa medida, automaticamente estamos a tentar encaixarmo-nos onde não pertencemos. Ao assumirmos esse papel estamos a aceitar que nos seja colocado um rótulo. Rótulo esse que, por o termos aceite, iremos tentar agir de acordo com aquilo que achamos que é esperado de nós. Em todo este processo, quem realmente somos não interessa para nada, ficou esquecido...
Se nós esquecemos quem somos, é garantido que ninguém nos vai lembrar... E agora pensamos, mas então, se há papeis já criados em todas as situações, teremos forçosamente de nos enquadrar neles se quisermos ser felizes, se quisermos fazer parte desta sociedade, se nos queremos enquadrar neste mundo.
Pois, mas não:
a) Para ser feliz é preciso uma série de situações estarem alinhadas e que poderão ser distintas para cada pessoa. No entanto, no caminho para a verdadeira felicidade, o enquadramo-nos num papel não tem qualquer relevância. O aceitarmo-nos a nós próprios tem.
b) Podemos querer muito fazer parte desta sociedade, mas será que concordamos plenamente com a forma de funcionamento da mesma, ou teremos algo a dizer sobre o assunto?
c) "Enquadrar neste mundo" é passível de várias interpretações, mas a mais imediata será a de "cabermos dentro de um quadrado", ou seja, sermos feitos à medida para um lugar pré-existente. Neste momento existem tantos lugares como pessoas, pois existe um lugar para cada um de nós. Poderá, eventualmente, não ser aquele que sempre pensámos ou idealizámos, poderá até ser um lugar não muito confortável, mas garantidamente existe.
Existem os lugares porque o mundo permitiu que nós existíssemos e só o poderia fazer guardando um lugar especificamente para nós.
Será esse um lugar tradicional, dentro da dinâmica convencional e existente na sociedade hoje? Não.
Será um lugar para quem realmente somos, na essência. Não um lugar para a pessoa em que nos transformamos para tentarmos ser aceites cumprindo certos requisitos.
Somos quem somos e não quem querem que sejamos.
Aceitemos.
Sejamos fiéis a nós próprios, com orgulho e sem preconceito!

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