segunda-feira, 9 de maio de 2011

A Frontalidade

Questionamos tudo e todos, com mais facilidade os outros do que a nós. Questionamos o mundo, a justiça, a falta de frontalidade por sentirmos ter sido brevemente iluminados por ela.
A frontalidade, apesar de pouca e dispersa, é muitas vezes recebida com indignação, mas também como um ar fresco que nos desanuvia, sacudindo pontos de vista como uma rajada de vento sacode os cabelos.
Falo aqui da frontalidade pragmática e objectiva, não apenas de confronto puro, tão diferente na sua génese que poderá até ser o oposto da frontalidade, em várias das suas formas.
É sabido que as pessoas não dizem o que pensam, que é tudo cheio de esquemas, diplomacias e politiquices, que nada é dito de frente, cru e duro como deve ser a verdade.
Por vezes penso que as verdades não são ditas porque as pessoas muito simplesmente não pensam.
É muito mais fácil reagir do que agir, protestar do que construir, omitir que revelar... Dá muito mais trabalho. E Deus nos livre e guarde de termos de usar um órgão tão complexo como o cérebro, na busca de algo tão simples como a verdade, afinal, seria um "verdadeiro" desperdício!
Ou seja, para sermos frontais, pragmáticos, verdadeiros, temos de saber ouvir e analisar com isenção, encarar os factos como eles são.
Os discursos que ouvimos, quer no dia-a-dia, quer na boca de grandes dirigentes políticos e afins, por norma não são mais do que palavras completamente desprovidas de conteúdo.
Não é por conseguir argumentar de forma consistente e durante horas a fio sobre quais as razões que tinha para não subir à árvore, que vai alterar o facto de tal ter acontecido e estar, neste momento, a olhar para mim de soslaio, com o seu característico ar de desinteressado.
As coisas são o que são, deixemos de discuti-las, aceitemo-las. A verdade é que não temos outro remédio.

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