sábado, 23 de abril de 2011

A natureza da Humanidade

Há quem diga que já está tudo inventado, que não há mais nada a descobrir. Que o tempo dos descobrimentos já foi, hoje em dia tudo é tecnologia, novas coisas surjem todos os dias e são introduzidas na nossa rotina diária sem que lhes demos muita importância, nada que nos mude radicalmente a vida.
Quanto a outros mundos a descobrir, parece-se ter algumas certezas quanto às condições habitacionais dos planetas que nos estão mais próximos, quanto aos outros, estão demasiado longe para que nos ocupem o espírito.
Mas o mundo mais inexplorado é o que nos está mais próximo, e é uma descoberta em que cada um de nós ocupa um papel de extrema relevância,em que ninguém é mais importante do que o outro.
Como podemos olhar para o mundo de hoje e chamar-nos espécie evoluída? Como poderemos estar em alto estágio de evolução se continuamos a deixar morrer crianças à fome, se temos os bens essenciais tão mal distribuídos? No fundo, aqui a questão é que raramente ou nunca nos vemos como um organismo vivo: a Humanidade. Aliás, os homens fazem parte da natureza, mas também não nos incluímos aí, falamos da natureza como se fosse uma espécie à parte na qual não temos qualquer influência. Por outro lado, somos capazes de ver  natureza como um todo, desde que não nos incluamos lá dentro.
Afinal o que é o Homem, que não se considera ser parte integrante do mundo natural e raramente se identifica como um organismo único e diferenciado?
Falamos muito das diferenças (dos povos, das culturas, géneros e idades) mas pouco daquilo que nos une.
Na verdade é esse o mundo que ainda está por descobrir: a natureza da Humanidade como um todo.
Todas as outras espécies do reino animal têm a capacidade de se equilibrar como espécie, tendo mais ou menos crias conforme o alimento disponível numa estação, ou sacrificando liminarmente alguns membros em prol da colónia, da espécie.
Nós continuamos indiferentes ao sofrimento alheio, como se não fizéssemos parte do todo, como se cada acto não tivesse uma série de consequências inevitáveis.
Temos todo um mundo para descobrir, pois para agirmos como um todo teremos de estar em paz connosco próprios. Para alcançarmos essa paz, será inevitável o auto-conhecimento, a todos os níveis: físico, psicológico, emocional e espiritual.
Se conseguirmos alcançar a paz com o que somos, tal, como tudo, será contagiante. Levaremos uma existência irradiante, deixaremos de poder ignorar o sofrimento alheio, teremos obrigatoriamente de ter noção das consequências de cada acto. Iremos compreender, em cada momento da nossa vida, a Humanidade inteira, ao prejudicarmos o outro estamos automaticamente a prejudicar-nos a nós. Assim,todas as palavras ditas terão outro significado, todos os actos serão tomados com consciência do organismo vivo que somos, colocando o todo como uma prioridade, pois fazemos parte dele.
Vamos fazer esta descoberta, pois embora por vezes se revele dolorosa, a recompensa é inimaginável, é a maior herança que podemos deixar. Tomemos coragem e voltemos a ser os descobridores de outrora,os inovadores do agora, aquilo que sempre quisemos ser.

2 comentários:

  1. É um óptimo convite! Participarmos todos na descoberta de que somos um é fundamental para um mundo harmonioso.

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  2. Muito Obrigada, assim o creio, assim o espero. Beijinhos

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