sábado, 10 de setembro de 2011

O 1º dia de aulas

Chega Setembro e chega o cheiro a livros novos, a ansiedade a crescer, de pais e filhos no início de mais um ano escolar... Já repararam no estado de espírito de uma criança prestes a entrar na primeira classe? É intrigante testemunhar aquele entusiasmo contido da véspera, o nervosismo e a expectativa que caracterizam o encarar do desconhecido. Face ao desconhecido sim, pois ouviu falar na escola "a sério", no ter de estudar e fazer contas, testes e fichas de avaliação, ficar sentado na sala de aula, tudo conceitos estranhos a uma criança de seis anos. Parece que todos os discursos de apaziguamento rapidamente se evaporaram, de repente só se lembra da responsabilidade acrescida, do terror dos trabalhos de casa, do não saber o que significa ser crescido.

E como reagimos nós perante uma situação semelhante, a ansiedade antes de um salto no escuro? Será que conseguimos encarar os novos cenários que a vida nos propõe e às vezes até impõe, com o mesmo entusiasmo que pedimos a uma criança para ter no primeiro dia numa escola nova? Ou será que nos enchemos de dúvidas, negação e pessimismo, recusando tudo aquilo que nos está a ser ofertado com medo da mudança?

Sinceramente, duvido que haja altura na vida mais marcante e cheia de incerteza do que o primeiro dia de escola. Em que já não basta todo o nosso nervosismo, ainda temos o colega do lado a choramingar pela mãe, os pais a entrar e a sair da sala com mil recados para uma professora que consegue ficar ainda mais nervosa do que todos aqueles meninos juntos, perante uma sala cheia de vinte e muitas crianças que nunca viu e cerca de quarenta pais todos a quererem chamar a atenção para o seu mais que tudo, dando mil recados que ninguém se irá recordar... Garanto que a energia e a tensão produzida numa altura destas é tal que bem aproveitada daria para alimentar a electricidade da escola toda só naquela meia-horinha de zun-zun e burburinho...

Quem não tem uma qualquer recordação do seu primeiro dia de escola? Da primeira amizade que se julga ser eterna, das saudades de casa num mundo desconhecido, do aperto no estômago, da carteira, da professora, do recreio?!...

Oxalá consigamos encarar todos os revezes da vida com o mesmo entusiasmo com que um dia encarámos o primeiro dia de escola, com a mesma vontade, com o mesmo optimismo que nos incutiram na altura. Fomos capazes uma vez e voltaremos a ser quantas vezes forem necessárias. E pode ser que no final do dia também exclamemos, aliviados, adoro a escola nova!

1 comentário:

  1. Pode ser que a memória me atraiçoe, mas o que recordo do meu primeiro dia de aulas é algo de bom, nada angustiante, algo por que ansiava há muito pois sentia que assim iria entrar naquele grupo a que eu ambicionava pertencer - o dos mais velhos. Já o mesmo não posso dizer da passagem da primária para o liceu. Aí sim, senti o peso da responsabilidade e o medo do desconhecido, sobretudo quando no espaço de dois anos tive que mudar três vezes de escola. Essa experiência é que foi para mim traumatizante e determinante no meu comportamento futuro em sociedade. Fez de mim uma pessoa tímida e com dificuldade em estabelecer relações sociais.

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