domingo, 6 de novembro de 2011

As armas que precisamos

Deixemo-nos de falinhas mansas, de julgar tudo e todos, de culpar este ou o próximo. Este tipo de atitude não adianta nem desmente e simplesmente prende-nos ao estado a que chegámos! Sejamos francos, directos, concisos, nem que seja por uma vez na vida... Afinal, vivemos num país velho, num continente velho e parece que nada conseguimos aprender. A corrupção nunca foi tão clara, tão tácita, tão aceite e conformista. Mas o mundo, se calhar também nunca foi tão fútil...

"Ah, santa hipocrisia! A hora chegou, não vê quem não quer. Este mundo está prestes a terminar, agarra-te a ele e com ele ficarás até ao fundo!"

Distribuimos educação como quem quer distribuir gelados, mas não ensinamos as crianças a pensar. Gerações e gerações inteiras de mentes castradas na infância gritam agora impotentes. Esquecemo-nos que o mais importante que podemos ensinar é precisamente o ensinar a pensar, aprender a aprender, criar, inventar, e não circunscrever a imaginação às artes, como se de algo secundário se tratasse. Agora o mundo está em crise e ninguém sabe o que fazer. Ensinaram que para prever o futuro deve-se olhar para trás, e quando nada no passado se assemelha àquilo que agora vivemos, os braços caiem inertes.

Ensinar a pensar, a criar, a aprender, a imaginar, extrapolar, visionar, enfim!

Então, em alturas de crise, ensina-se a poupar, a guardar, acumular o que poderá, eventualmente, vir a fazer falta. Esta não é a altura. Esta não é mais uma crise. Este momento não tem comparação.

As armas que precisamos estão dentro de nós, e tudo o mais é supérfulo!

2 comentários:

  1. Esta Gente

    "Esta gente cujo rosto
    Às vezes luminoso
    E outras vezes tosco

    Ora me lembra escravos
    Ora me lembra reis

    Faz renascer meu gosto
    De luta e de combate
    Contra o abutre e a cobra
    O porco e o milhafre

    Pois a gente que tem
    O rosto desenhado
    Por paciência e fome
    É a gente em quem
    Um país ocupado
    Escreve o seu nome

    E em frente desta gente
    Ignorada e pisada
    Como a pedra do chão
    E mais do que a pedra
    Humilhada e calcada

    Meu canto se renova
    E recomeço a busca
    De um país liberto
    De uma vida limpa
    E de um tempo justo"

    Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Geografia"

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